terça-feira, 13 de novembro de 2012

Notícia

Arte de rua: comércio do talento?


Nelson Antoine /AE
Manifestação na Av. Paulista dos artistas de rua contra a ação do prefeito Kassab. Fotografia: Nelson Antoine/AE
Artistas de rua sempre foram atração nas diversas cidades do mundo, e em São Paulo não poderia ser diferente. Palhaços, músicos, malabaristas e estátuas vivas sempre encantaram os olhos de quem passasse pela av. Paulista, eleita o símbolo da cidade. Este cenário, porém, vem mudando: em Dezembro de 2010 iniciou-se a chamada “Operação Delegada”, uma parceria entre a Prefeitura e a Polícia Militar que colocou 6 mil policiais em seus horários de folga para combater o comércio ilegal. Os artistas de rua passaram a ser classificados como parte desse comércio, sendo vistos como prestadores de serviço com fins lucrativos sem taxação do governo.
Para muitos, essa proibição é “ato nazista”: “a atividade deles é lícita. Expressão artística você pode fazer quando quiser. Eles serem proibidos é uma ilegalidade, um abuso patente”, diz o jurista Luiz Flávio Gomes para reportagem da UOL. Casos como o do guitarrista Rafael Pio, de 30 anos, que acabou preso e teve sua guitarra e amplificador apreendidos pela polícia, causam revoltas: “Aqui sempre foi um corredor de arte, agora é de repressão”, afirma o músico Marcio Aguiar para o Jornal da Tarde.
De fato, a proibição abriu pauta para uma grande discussão: afinal, a arte de rua é uma forma de comercialização do talento e deve ser tratada com a mesma severidade que o comércio ambulante ou ela representa, para a sociedade, algo mais? A blogueira Dani Rosa, em enquete feita pelo Jornal da Tarde, responde: “Sou artista de rua por opção. Optei por levar arte para quem não pode ir ao teatro. Na rua é muito democrático de verdade, porque arte na rua é para quem quer e quem pode parar pra assistir. O chapéu que se passa e no qual se coloca dinheiro não é caixinha, é tradição. Porque fazer uma arte para fazer pessoas que estão passando, pararem, é necessário muito estudo, prático e teórico. Esse dinheirinho arrecadado não é tarifado, é dado, doado por quem sente vontade de agradecer assim. Já teve CD no chapéu, bala e caneta. Cada um dá o que quer e o que pode. O artista dá sua arte.

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