Trabalhar com gêneros é conhecer o social o mundo, os gênero textual ou discursivo, são complexos, de grande variedade e estão sempre em movimento, mas possuem um relativa estabilidade.
Segundo Bakhtin os gêneros possuem tema, organização composicional e estilo." Cada esfera da atividade humana elabora, em sua comunicação, tipos estáveis e diversificados de enunciados: os gêneros discursivos"
Bronckart diz que todo texto pertence sempre a um gênero apresentando propriedade genéricas resultantes da escolha de um gênero textual que parece adaptar-se a situação, mas tem especifidades sempre únicas que derivam das escolhas dos produtos em função de situação de produção particular.
Os gêneros se caracterizam: (Dolz e Schneuwly)
- Pelos conteúdos que são (ou tornam dizíveis)
- Pela estrutura comunicativa
- Por um conjunto de unidades de linguagem, pelos conjuntos particulares de sequências textuais e pelos tipos discursivos que formam a estrutura textual
Com base nesses autores e nas aulas apresentada durante o primeiro semestre apresentamos aqui algumas formas diferentes formas de usar gêneros para falar sobre a linguagem:
Gênero: Quadrinhos- reconhecemos por seu formato, o modo que aparecem suas ilustrações e falas( dentro de balões ). Este quadrinho aborda assuntos como:
-Uma preocupação com as regras da língua de acordo com a norma padrão
-Diferença de fala nas diferentes idades
- Gírias usadas na internet atualmente
-Vícios de linguagem (gerundismo)
Gênero: Show - reconhecido por sua estrutura ter geralmente um palco,luzes,cortinas, cenário, platéia, apresentador. Este vídeo traz um vício de linguagem muito comum entre os falantes o pleonasmo. Essas redundâncias ao falar podem ser proposicionais ou não, na grande maioria são repetições desnecessárias.
Gênero: Receita- reconhecida pela forma em que está divida ingredientes, modo de preparo, tempo necessário. Nesse exemplo o gênero receita é trabalhado de outra forma a explicação de como ser um bom aluno se apropria do gênero receita.
Como fazer um bom aluno
Ingredientes:
10g de pontualidade;
50g de responsabilidade;
100g de empenho;
500g de estudo:
150g de inteligência;
300g de interesse;
tempo de preparação: longos anos.
Grau de dificuldade: é fácil, mas é preciso ter força de vontade para ser um bom
aluno.
Modo de fazer:
Junte 10g de pontualidade com 50g de responsabilidade e 100g de
empenho; misture tudo até ter isto
tudo bem incorporado.
Numa forma diferente, adicione, as 150g de inteligência com
300g de interesse.
Junte tudo e vai ao forno.
Depois de estar tudo pronto acrescente as 500g de estudo
quando precisar.
E assim fica pronto o bom aluno.
Gênero: Notícia- a Notícia é reconhecia principalmente por seu enunciado.
Língua: código, expressão
ou interação?
Se o dilema "espelhamento ou construção"
na relação entre linguagem e realidade social estimulou debates por décadas, o
que dizer da relação entre a visão de mundo do professor e o ensino?
Por Gabriela de Paiva Gomes Albuquerque, Tiago
Lessas José de Almeida e Iran Ferreira de Melo
Muito já se tem dito sobre o fato
de que toda prática pedagógica está sempre baseada em algum posicionamento
político-ideológico. O ensino de língua portuguesa não foge à regra, tendo,
nesse caso, a raiz de tal posicionamento construída a partir da concepção de
língua que o/a professor/a vai adotar. Você já parou para pensar nisso?
A edificação das principais
teorias que conhecemos hoje sobre a língua se deve a uma série de esforços
teóricos que surgiram no rastro de vários estudos desenvolvidos durante o
século XX. Podemos resumir tais estudos em três macro concepções que orientam a
linguística contemporânea e, consequentemente, o ensino de língua. Vamos
conhecê-las.
Por ordem cronológica, as
seguintes concepções vêm se apresentando como hegemônicas nas diversas
investigações científicas com a linguagem.
1. Língua como expressão do pensamento
Nessa concepção, a língua é produzida mentalmente de maneira individual,
intrínseca e sob a organização lógica do raciocínio. As atividades de linguagem
se realizam nessa perspectiva independentemente das circunstâncias
situacionais, sócio-históricas, culturais e políticas em que ocorrem.
2. Língua como um
instrumento de comunicação
Opondo-se à primeira concepção, esta segunda visão sobre a língua a entende
como um conjunto de códigos autônomos e externos ao indivíduo, motivados
socialmente, que serve essencialmente para a troca de informações (comunicação).
Entretanto, seu funcionamento também independe do contexto de realização.
3. Língua como
interação social
Já esta terceira concepção compreende a língua como uma atividade social não
somente usada para comunicar, mas também para realizar ações através da
interação social e cognitiva entre os falantes. Esta visão leva em conta as
situações de interlocução nas quais a língua se realiza e a influência de
fatores de diversas ordens no curso dessas situações.
Mas de
que maneira podemos perceber a intervenção dessas três concepções no ensino de
língua portuguesa? Até que ponto o modo como o/a educador/a concebe a linguagem
influenciará na forma de educar?
Visão de mundo e educação
Vejamos. Em um de seus memoráveis livros, O texto na sala de aula, o professor
da Unicamp João Wanderley Geraldi apresenta a diferença entre ensinar uma
língua e ensinar metalinguagem. Nele, o mestre Geraldi defende que a postura do
docente dentro da sala de aula evidencia seu posicionamento político e isso
interfere também significativamente nos métodos e conteúdos que escolhe. Em
outras palavras, como expomos, isso se refere à ideia de que toda prática
pedagógica se articula através de uma opção política. Para ele, a forma de
enxergar a sociedade influencia diretamente na maneira de ensinar e tudo que a
envolve. Há, por exemplo, uma estreita relação entre o baixo nível do
desempenho linguístico por estudantes e o conceito de língua difundido na
escola. Eis aí a nossa principal questão! Muito do aprendizado de nossos alunos
com a linguagem depende da forma como abordamos o uso e a reflexão da língua em
sala de aula.
Em linhas gerais, podemos dizer
que o efeito do ensino de língua portuguesa variará a depender da maneira que
o/a professor/a conduzir político-ideologicamente a sua prática pedagógica,
isto é, a depender da escolha de estratégias que vão desde a seleção de
conteúdos até o modo de avaliação. E isso tudo, ainda que o/a docente não
perceba, está ligado à concepção que ele/ela adotar. Conceber a língua como
mecanismo da expressão do pensamento ou código para comunicação recairá no
ensino reducionista ou, como chamamos, formalista, mas entender a língua como
prática social será o primeiro passo para estudá-la de uma forma mais
explanatória e compreendê-la como um processo intersubjetivo, contextualizado,
funcional e, portanto, sob uma abordagem funcionalista.
FORMALISMO
Vamos entender um pouco melhor esses dois paradigmas. No primeiro caso -
paradigma formalista - a língua é concebida como um fenômeno suficiente em si,
independente de qualquer fator externo a ela, já no segundo - paradigma
funcionalista- a compreendemos como uma prática interconectada a várias outras
da vida social, sem as quais não seria possível se manifestar. Ambos
fundamentos agendam suas pesquisas distintamente, caracterizando seu objeto de
estudo e instituindo seus objetivos de maneira oposta entre si.
Ao ensino formalista interessa
descrever ou mapear a manifestação da linguagem em termos de compreensão dos
aspectos imanentes aos textos, desconsiderando a intervenção dos elementos
históricos, ideológicos e culturais na organização interna do sistema
linguístico. Por exemplo, caso o/a educador/a pretenda discutir a produção de
um artigo de opinião em sala de aula, levará em conta apenas a composição desse
gênero de texto sob a perspectiva da frase na sua relação fonológica,
morfológica e sintática, ou, no máximo, questões relativas ao sentido gerado no
interior de uma proposição, a partir do efeito de uso da pontuação ou da
manifestação da ambiguidade lexical. Esse estudo não consideraria, por exemplo,
o suporte onde o artigo é veiculado (rádio, jornal, internet); a modalidade em
que é produzido (oral ou escrita); a identidade do autor (crítico de arte,
professor universitário, literato); ou o motivo da produção textual (se
responde, complementa ou reforça um outro artigo). Em outros termos, não faria
parte dos objetivos de uma aula formalista sobre a produção de artigos de
opinião entender as condições de realização do texto, mas apenas a estrutura elementar
interna dele (a forma). E no que isso acarretaria para a aprendizagem dos
alunos, professor/a?
A maior de todas implicações é a
ideia de que os sujeitos da linguagem ocupam o lugar apenas de reprodutor e
decodificador de mensagens, os sentidos são pré-estabelecidos à realização
verbal e o texto é entendido como um amontoado de sentenças, que possui
coerência somente a partir de seus elementos internos, de dentro para fora, sem
qualquer referência aos vários contextos em que está inserido (sociocultural e
cognitivo, por exemplo).
FUNCIONALISMO
Por outro lado, o paradigma funcionalista baseia-se em dois pressupostos: o de
que a linguagem tem funções externas a si e o de que essas funções influenciam
a sua organização interna. No ensino funcionalista, a linguagem deve ser
estudada a partir dessa interação com os seus elementos extrínsecos. Isso
significa que o Funcionalismo tem por objetivo descrever a interface entre os
aspectos exteriores que circundam a linguagem e o sistema interno desta, sendo,
portanto, um modelo dialético e abrangente de estudos, pois investiga como a
forma atua no significado e como as funções externas do sistema linguístico
influenciam na forma.
Nesse caso, a identidade e o
papel social dos usuários de uma língua são levados em conta ao se analisar um
texto, pois, de acordo com o Funcionalismo, ambos interferem na maneira como os
próprios usuários lidam com a linguagem. Isso é notório ao analisarmos os
vários mecanismos de utilização da linguagem no nosso cotidiano. Um deles, por
exemplo, é a marcação da polidez numa conversa. O uso de formas verbais que
constroem o grau de polidez é regulado pela relação que os interlocutores
mantêm entre si: um indivíduo, na interação com quem mantém relação hierárquica
(filho em relação ao pai, aluno em relação ao professor), marca comumente sua
fala com elementos que representam polidez (verbos no modo hipotético, ou
subjuntivo "eu“ gostaria"” para não demonstrar autoridade;
tratamentos honoríficos, como "senhor", "doutor", a fim de
nãogerar intimidade; etc.). Esses e outros exemplos prosaicos revelam a
interferência constante das condições externas da linguagem na seleção e
organização formal dos textos.
Isso quer dizer que se constitui
funcionalista qualquer teoria da linguagem que descreve um texto associando as
categorias que o compõem internamente - elementos referenciais, lexicais,
icônicos, etc. - a aspectos do entorno de sua produção e consumo - cognição
social, cultura dos interlocutores, etc.
O que isso quer dizer? Em última
instância, precisamos pensar quais os nossos objetivos enquanto educadores/as.
Visamos a uma formação humanística, voltada para a formação de uma consciência
crítica dos nossos alunos ou queremos apenas que memorizem o necessário para
passar no vestibular? Já dizia o pai da linguística, Ferdinand de Saussure: “o
ponto de vista muda o objeto”. Não podemos continuar reproduzindo fórmulas
pedagógicas ultrapassadas, em que o ensino de Português restringe-se apenas ao
ensino descontextualizado e abstrato de gramática, desligando a língua das
situações reais de comunicação.
FORMALISMO E FUNCIONALISMO
O formalismo e o funcionalismo são dois paradigmas que orientaram os estudos
linguísticos nas últimas décadas. Segue abaixo um quadro comparativo que
sumariza pontos-chave das duas perspectivas e nos facilita a compreensão de
como ambas as formas de conceber a linguagem marcaram as teorias linguísticas
contemporâneas.
*Gabriela de Paiva Gomes Albuquerque e Tiago Lessas José de Almeida são
alunos de Letras da UFPE. Iran Ferreira de Melo é professor do Departamento de
Letras da UFPE e doutorando em Língua Portuguesa pela USP.
Percebe-se então que o gênero tem uma estrutura básica e são padrões de comportamentos já estabelecidos socialmente, praticas relativamente instáveis por suas mudanças através do tempo:
Carta -> E-mail
Diário -> Blog
Conversa ao telefone -> MSN
Apesar dessa transmutação que ocorre, um gênero sempre acaba levando algumas características do antigo gênero.
Nenhum comentário:
Postar um comentário