quarta-feira, 16 de maio de 2012

Fichamento- Linguagem em uso


Linguagem em uso
José Luiz Fiorin
Temos um conhecimento inato sobre o sistema da língua. Entretanto não é suficiente para entender certos fatos linguísticos utilizados na situação concreta da fala, existem situações que necessitam de um entendimento maior, do ponto de vista dos valores semântico das palavras.
No sistema linguístico, temos oposições fônicas e semânticas e regras combinatórias dos elementos lingüísticos. No entanto, nem as oposições semânticas, nem as regras de combinação conseguem explicar alguns fatos de situações da fala. Observando-se esses fatos, verificou-se que era preciso estudar o uso da linguagem. Esse é o objeto da Pragmática. Assim, a Pragmatica é a ciência do uso lingüístico, estuda as condições que governam a utilização da linguagem, a prática lingüística... A pragmática não confere à língua uma posição central nos estudos linguisticos, não a vê isolada da utilização da linguagem.” (p.166)
Nos estudos da pragmática o filosofo John Austin de que linguagem não tem uma função descritiva mas uma função de agir, ao falar o homem realiza atos e já Paul Grice mostra que a linguagem natural comunica mais do que aquilo que se significa num enunciado, pois, quando se fala, comunica-se também conteúdos implícitos.
A pragmática estuda a relação entre a estrutura da linguagem e seu uso. Pois na escrita comunicamos é possível comunicar-se muito mais do que as palavras significam.
Segundo Moeschler, existem três tipos de fatos linguísticos que exigem a introdução de uma dimensão pragmática nos estudos lingüísticos:
·        Enunciação: A enunciação é o ato de produzir enunciados, que são realizações linguisticas concretas, há certos fatos linguisticos, que só são entendidos em função do ato de enunciar, assim são:
- Os dêiticos (para entende-los é preciso conhecer a situação de uso);
-Enunciados performativos (são os que realizam a ação que eles nomeiam);
-Uso de conectores (muitas vezes conectam os atos enunciativos ou explica-os) ;
-Certas negações (a negação não incide sobre a proposição negada, mas sobre sua possibilidade de afirmação);
-Advérbios de enunciação (os advérbios não modificam o verbo, mas qualificam o próprio ato de dizer);
·        Inferência: Certos enunciados têm a propriedade de implicar outros, implicações que derivam do próprio enunciado e, portanto, não exigem, para que elas sejam feitas, informações retiradas do contexto, da situação de comunicação.
·        Instrução: A Pragmática concebe que as chamadas palavras do discurso, cuja função varia de acordo com o contexto linguístico em que se acham colocadas, significam porque há uma instrução sobre a maneira de interpretá-las.
A Pragmática deve mostrar como fazem se inferências necessárias para chegar ao sentido dos enunciados.
Há duas distinções fundamentais em Pragmática:

Frase é um fato linguístico caracterizado por uma estrutura sintática e uma significação calculada com base na significação das palavras que a compõe, enquanto enunciado é uma frase a que se acrescem as informações retiradas da situação em que é enunciada, em que é produzida. A mesma frase pode estar vinculada a diferentes enunciados.
A significação é o produto das indicações linguísticas dos elementos componentes da frase. O sentido no entanto, é a significação da frase acrescida da indicações contextuais e situacionais.
Existem duas correntes na Pragmática, uma pensa que a Pragmática, por estudar fatos de fala, está radicalmente separada da semântica, outra integra a Pragmática e a semântica, cada uma estudando aspectos diferentes do sentido.
A Pragmática tem início quando Austin começa a desenvolver sua teoria dos atos de fala.
Austin vai mostrar que a Linguística se deixava levar por uma ilusão descritiva, pois é preciso distinguir dois tipos de afrimações; as que são descrições de estados de coisa, a que ele vai chamar constativas e as que não são descrições de estados de coisa.São essas que lhe interessam. Toma, então, certos enunciados na forma afirmativa, na primeira pessoa do singular do presente do indicativo da voz ativa com as seguintes características a) não descrevem nada e, por conseguinte, não são nem verdadeiros nem falsos;b) correspondem,quando são realizadas, à execução de uma ação. A essas afirmações vai chamar performativas.” (p.170)
Os performativos devem ser enunciados em circunstancias adequadas, para esse sucesso do performativo existem algumas condições que Austin traz:
·         A enunciação de certas palavras em determinadas circunstâncias têm, por convenção, um determinado efeito;
·         A enunciação deve ser corretamente pelos participantes. O uso da fórmula incorreta torna nulo o performativo;
·         A enunciação deve ser realizada integralmente pelos participantes;
Os performativos indicados por verbos só existem na primeira pessoa do singular do presente do indicativo da voz ativa na forma afirmativa. Nas outras pessoas nos outros tempos, nos outros modos, não haveria performativos, mas sim constativos. Existem performativos sem que apareçam no enunciado palavras relacionadas ao ato a ser executado e, ao mesmo tempo, podem estar presentes no enunciado palavras correspondentes.
Um enunciado será performativo quando puder transformar-se em outro enunciado que tenha um verbo performativo na primeira pessoa do singular do presente do indicativo da voz ativa que são performativos explícitos. Os performativos que não estão nessa forma são chamados de implícitos.
Para eliminar a ambiguidade dos performativos, temos que levar em conta a situação de enunciação, o modo verbal a entonação etc.
Quando se diz algo se realizam-se três atos: O ato locucionário (ou locucional); o ato ilocucionário( ou ilocucional) e o perlocucionário ( ou perlocucional). O ato locucionário é o que se realiza enunciando uma frase, é o ato lingustico de dizer. O ilocucionário é o que se realiza na linguagem. O perlocucionário é o que se realiza pela linguagem. Há mais um ato o perlocucional que é um efeito eventual dos atos locucional e ilocucional.
Estar marcado na linguagem significa que o ato ilocucionário pode ser explicitado pela fórmula perfomativa correspondente. A existência de marcadores ilocucionais e proposicionais permite explicar fenômenos lingüísticos.
Muitos os atos ilocutórios são expressos indiretamente. São os chamados atos de fala indiretos, os falantes uitilzam os fatos indiretos para minimizar a força de ordem. Os atos da fala indireto produziu toda uma corrente de estudo dos atos de fala denominados interacionista. Para a teoria clássica, os fatos de fala são universais e pensa atos de linguagem de maneira isolada; enquanto para a teoria interacionista, variam de cultura para cultura e os vê como um encadeamento de atos.
Dizer é fazer, isso significa que os atos de linguagem têm um efeito muito grande nas relações interpessoais, o que abriu um novo campo para a Linguistica, o estudo da polidez lingüística.
A polidez lingüística tem por feito diminuir is feitos negativos dos atos ameaçadores da face, adoçá-los. É para isso que recorremos aos atos de fala indiretos, alem dos que minimizam existe a polidez que valoriza os atos da fala. O excesso, a falta, os limites entre o que percebido como valorizador ou ameaçador, tudo isso é cultural.
Muitos estudiosos da Pragmática, ela é governada por um principio de cooperação, que exige que casa enunciado tenha um objetivo ou uma finalidade.
A contribuição de Grice são a noção de implicatura e o estabelecimento do principio geral da comunicação, o da cooperação. Grice distingue dois tipos de implicaturas: as desencadeadas por uma expressão lingusitica, as implicaturas convencionais, e as provocadas por princípios gerais ligados à comunicação, as implicaturas conversacionais. A distinção entre implicaturas convencionais e conversacionais parece bastante clara: aquela é provocada por uma expressão lingüística e esta é suscitada pelo contexto. Existe também a distinção entre implicaturas conversacionais generalizadas e implicaturas conversacionais particulares,uma desencadeada também por elementos linguisticos e outra apenas pelo contexto.
“ A implicatura convencional é provocada apenas por um elemento linguistico, ela não precisa de elementos contextuais para ser feita, enquanto a implicatura conversacional, seja ela generalizada ou particular, apela sempre para as noções de princípio de cooperação e máximas conversacionais... Para Grice, o princípio da cooperação é o princípio geral que rege a comunicação. Por ele, o falante leva em conta sempre, em suas intervenções, o desenrolar da conversa e a direção  que ela toma. Grice formula da seguinte maneira esse princípio: Que sua contribuição à conversação seja, no momento em que ocorre, tal como queira o objetivo ou a direção aceita da torça verbal em que você está engajado. Esse princípio é explicitado por quatro categorias gerais- quantidade das informações dadas, a de sua verdade, a de sua pertinência e a da maneira como são formuladas – que constituem as máximas conversacionais” (p.177)”

As máximas conversacionias não são um corpo de princípios a ser seguido na comunicação, mas uma teoria da interpretação dos enunciados. O texto traz as explicações sobre as máximas, suas explorações e suas violações.
Todas essas máximas procuram mostrar como o falante, na troca verbal, resolve o problema do que deve dizer e do que não deve dizer, conforme a situação de enunciação.
Os conteúdos transmitidos pelos atos de fala podem ser explícitos e implícitos. Estes são as inferências e dividem-se em pressupostos e subentendidos.
Os pressupostos são tidos como verdades criadas pelo enunciador. Estes pressupostos possuem alguns principais marcadores linguísticos como:
- Os adjetivos ou palavras similares;
- Verbos que indicam permanência ou mudança de estado;
- Verbos que revelam um ponto de vista a respeito do que é expresso por seu complemento;
- Certos advérbios;
- As orações adjetivas;
- Certas conjunções;

Os subtendidos são informações veiculadas por um dado enunciado, cuja atualização depende da situação de comunicação.
A diferença entre pressuposto e um subentendido é que o pressuposto pode ser contestado, mas é formulado para não ser, já o subentendido é construído, para o falante, caso seja interpelado, possa, apegando-se ao sentido literal das palavras. Existem dois tipos de subentendidos a insinuação e alusão.
O texto trás no geral alguns assuntos tratados pela pragmática: Os atos de fala, as máximas que regem a conversação, os conteúdos implícitos veiculados pelos atos de fala, entretanto a pragmática tem vários outros assuntos a serem tratados.


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